Enviada por: Victor De Martino
Local da história: Região Serrana do Rio de Janeiro
Data da história: Fevereiro de 2016
Muito antes de Arthur nascer, eu já planejava levá-lo para acampar. A vida toda ouvi meu pai contando inúmeras histórias de acampamento em sua juventude, todas recheadas de aventuras e situações inesperadas, que mais tarde renderam ótimas risadas na mesa de jantar. Infelizmente, por diversas razões que não cabem aqui, até hoje não conseguimos acampar juntos. Talvez agora consigamos, três gerações de uma vez só. Seja como for, queria muito proporcionar ao meu filho essa experiência, principalmente por conta de cinco razões pelas quais entendo que todos deveriam levar seus filhos e filhas para acampar:
1) Privar-se de alguns confortos: acampar é se privar da cama, do ar-condicionado, do café-da-manhã continental te esperando, da internet, as vezes do chuveiro quente e outras tantas coisas. É muito bom saber que você pode sim viver algum tempo e curtir uma viagem bacana sem tudo isso.
2) Imersão na natureza: ainda que você possa fazer trilhas pela mata e cair em cachoeiras mesmo hospedado em um hotel, a experiência de dormir, acordar, cozinhar e se alimentar cercado por árvores, ouvindo grilos, cigarras e outros animais, vai muito além disso. Você se sente realmente mais próximo da vida selvagem.
3) “Se virômetro”: Na vida, é fundamental ser capaz de se adaptar às situações inesperadas, aos recursos inadequados ou insuficientes. Poucas atividades te ensinam isso como acampar. É preciso se virar com o que há disponível. Remendar barraca com silvertape, usar galho caído pra sustentar a lona etc.
4) Organização e disciplina: É sempre uma boa ideia ser organizado na hora de viajar. Agora quando sua hospedagem é uma barraca, se não souber planejar minimamente o que vai levar e como armazenar as coisas dentro da barraca durante a viagem, vai virar o caos e você pode perder muitas coisas.
5) Fazendo juntos: Talvez o aspecto mais bacana de se acampar é que as atividades são feitas em conjunto. Armar barraca: trabalho de equipe. Cozinhar: todo mundo põe a mão na massa. Sair para uma trilha: cada um leva sua parte do fardo.
Pensando nisso tudo, assim que Arthur completou quatro anos, minha mulher e eu decidimos levá-lo para acampar duas vezes num curto espaço de tempo, ambas na Região Serrana fluminense. Primeiro, acampamos por três dias e duas noites em Teresópolis, no Camping Quinta da Barra (www.campingquintadabarra.com.
Essas duas breves experiências proporcionaram uma evolução no que diz respeito aos desafios de se acampar, o que foi muito interessante para quem estava iniciando o filho nessa atividade. No primeiro camping, em uma área para 250 barracas, havia apenas a nossa. O espaço oferece dois banheiros, um masculino e outro feminino, cada um com oito chuveiros quentes e oito vasos sanitários. Além disso, há uma pia grande com mesa próxima para lavar louça e cozinhar usando seu fogareiro e, finalmente, diversos pontos de eletricidade, o que nos permitiu colocar uma tomada antimosquito na porta da barraca. Toda essa infraestrutura exclusivamente para a gente. Para melhorar as coisas, não caiu uma gota de chuva sequer.
Em Guapimirim, a história foi diferente. Gostei bastante do camping lá também. Mas, sendo Carnaval, estava bem cheio. Havia apenas oito vasos sanitários no total e quatro chuveiros disponíveis, todos gelados. A pia para cozinhar havia sido dominada por uma família enorme que chegou antes, assim como as duas únicas tomadas disponíveis. Portanto, nada de tomadinha antimosquito. Para completar. no nosso primeiro dia no local, choveu e não foi pouco. A barraca emprestada, uma Coleman Hooligan para três pessoas, se comportou maravilhosamente bem. Mesmo assim, vira aquela massaroca de lama e a gente acaba preso dentro da barraca. Depois disso, foi tudo sol e céu azul na viagem.
Ao final dos dois acampamentos, acredito que Arthur conseguiu experimentar em maior ou menor grau cada uma daquelas cinco razões que citei acima. Até mesmo a quinta, que é a de fazer tudo junto. Ele sempre queria nos ajudar a cozinhar, a arrumar a barraca, a encher o colchão. Mesmo que, aos quatro anos, ele não fosse de muita ajuda, a gente sempre o estimulava a participar.
O mais importante de tudo é que Arthur gostou bastante da experiência, até mesmo dos perrengues. Claro que houve momentos de mau-humor, de “não quero isso, não quero aquilo”, em especial com relação ao banho frio. É normal na idade. Mas, na maior parte do tempo, nos divertimos muito acampando, trilhando, cozinhando, mergulhando nas cachoeiras geladas etc. No final das contas, divertir-se é tudo o que realmente importa quando a gente viaja e diversão em família é o que não faltou.
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