Local da história: Parque Nacional do Caparaó

Data da história: 2007

Enviada por: Adauvo Santos Rebelo

Em 2007 eu morava em Alegre-ES, e nessa época ia muito para a região do Caparaó. Já tinha ido ao Parque Nacional do Caparaó entrando pelo lado de Minas Gerais, e aceitei de imediato o convite de uns amigos para visitar o Parque entrando pelo lado do Espírito Santo. Diziam que era mais bonito, mas eu achava pouco provável que conseguisse superar o lado mineiro. Fui. Fiquei muito decepcionado quando, após chegar à portaria, fomos levados direto para a área de camping da Casa Queimada, que é o ponto máximo que se pode alcançar indo de carro. Durante o caminho eu via algumas placas indicativas, e já tinha ouvido falar de todos aqueles lugares que iam ficando para trás. Meu descontentamento só foi maior quando, na volta, também passamos direto. Eu via tudo aquilo passar diante dos meus olhos e não podia fazer nada. Pelo menos não naquela ocasião.

Então, de volta à minha cidade, contei a um amigo, Miguel, e ele me chamou pra voltar de carro. No carro dele. Fomos. Era uma Kombi cabine dupla, com carroceria, toda pintada com fadas, duendes e cogumelos… Uma coisa de louco!

Como não era final de semana, sabíamos que haveria poucos visitantes.

Depois da entrada do Parque, na primeira subida mais íngreme, a Kombi brochou. Felizmente nessas subidas eles fazem uns desvios para estacionamento, justamente para esse tipo de problema. Deixamos a Kombi ali e fomos subindo a pé. Como tínhamos ido de carro, não pensamos tanto em economizar nas tralhas. E lá fomos nós, cada um com duas bolsas enormes e mais o colchonete. Foi dureza!

Quando a noite caiu, e pensávamos em pagar as lanternas, avistamos uma luz. Era a Macieira, a primeira área de camping do Parque. Foi bom demais! Chegando lá, encontramos algumas pessoas acampadas. Umas quatro pessoas. Duas barracas. Juntamo-nos a eles.

A noite estava muito fria. Eu já havia passado muitas noites naquela Serra, mas nunca tinha sentido tanto frio. No dia seguinte, ao sairmos da barraca, deparamo-nos com uma paisagem bem diferente qual eu estava habituado. Tudo branco. Tudo estava encoberto por uma grande geada. Então eu entendi o porquê de não ter conseguido dormir bem. Mas, ao contrário do que normalmente acontece, fico extasiado quando ocorre algo assim, diferente.

Depois de apreciar a bela paisagem, visitamos dois lugares muito bonitos: Cachoeira do Aurélio e Cachoeira dos Sete Pilões. Almoçamos, e pegamos a estrada de novo. Mais à frente, outro lugar muito interessante: a Cachoeira da Farofa. Mais um pouco acima, o Mirante do Lajão. E íamos subindo, apreciando a paisagem e registrando tudo em fotografias. Até chegar à Casa Queimada.

Na Casa Queimada havia apenas uma família, composta de um casal com dois filhos, ainda crianças. Fizemos o jantar, pois a noite já estava chegando. Ao invés de armar a barraca, resolvemos nos abrigar no banheiro, no setor dos chuveiros, que estava seco e não seria mesmo usado por nenhum de nós para banho. Estávamos cansados demais por causa de um dia inteiro de subida, e receosos de passar frio por mais uma noite.

A questão agora era: subiremos ou não ao Pico da Bandeira? Deixamos que nossos corpos dissessem depois. Afinal, foram oito quilômetros de subida até ali (sem contar com o afastamento da estrada principal para visitar as cachoeiras), e teríamos que refazer esse mesmo trajeto na volta, no dia seguinte. Conclusão: dormimos até por volta das oito horas da manhã. Acabamos optando por voltar dali mesmo. A subida até o Pico da Bandeira ficaria para outra ocasião.

Passamos um bom tempo esperando para ver se aparecia alguma carona. O casal estava com o carro lotado, e como ninguém apareceu, começamos a descida. Fomos descendo aos poucos. Parando e fotografando tudo como se tivéssemos acabado de chegar. A luz da manhã é bem diferente da luz da tarde. Visitamos todos os lugares novamente: mirante, cachoeiras e a Macieira. Meu amigo estava satisfeito, porque nunca havia visitado o Parque. Eu estava muito feliz, porque estava registrando tudo da melhor maneira possível, ou seja, sem pressa alguma, e em detalhes.

Chegando à Kombi, ele manobrou, saímos do Parque e voltamos pra casa.

Naquele mesmo inverno ainda voltei lá outras duas vezes. Hoje revejo as fotos e recordo tudo muito satisfeito. Foi melhor e mais intenso do que eu esperava.

Equipe FuiAcampar

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