Sobre a Praia do Sono
A Praia do Sono é uma pequena comunidade localizada no litoral de Paraty (RJ). É um lugar lindo, com areias brancas, mar transparente e uma orla sombreada por amendoeiras. Não há estradas de acesso à praia e por isso ela vem se mantendo linda e preservada. A Praia do Sono, assim como outras praias da região, faz parte da Reserva Ecológica Estadual da Juatinga e é ponto de passagem para quem faz a Travessia da Juatinga.
Apesar do “progresso” estar aos pouquinhos chegando à comunidade, a praia ainda é um local para quem busca fugir um pouco dessa vida agitada que vivemos nas grandes cidades. Lá ainda reina a paz, a tranquilidade e a segurança. É um local para descansar e curtir a natureza.
O Praia do Sono tem uma vibe muito bacana e é frequentada por vários públicos, como famílias, casais, grupos de amigos, surfistas, hippies, mochileiros, mas todos tem em comum a busca pela paz e pela natureza.
Hoje em dia a praia já possui energia elétrica na comunidade, o que acabou impulsionando um pouco o turismo e além de fazer os campings se multiplicarem, também aumentou o número de casas (simples) para alugar e já há até uma pousada, mas tudo simples e rústico. Os caminhos são feitos de areia e não há qualquer luxo.
Se você ficou com vontade de ir para lá veja abaixo um monte de informações que preparamos para facilitar sua viagem.
Um pouco de História
“Há cinquenta anos moravam 220 famílias na Praia do Sono, que viviam da pesca artesanal e agricultura, constituindo uma comunidade caiçara tradicional. Com a abertura da estrada Rio-Santos na década de 70, um grande especulador de terras comprou e indenizou 213 famílias, ficando apenas dezessete delas que lutaram bravamente pela posse de suas terras. Os sobrenomes dessas famílias são: Castro, Santos e Araújo todos descendentes de famílias portuguesas que aportaram na região. Algumas famílias cultivam roça de mandioca para produção de farinha numa única casa de farinha existente que recorda a tradição da cultura alimentar. Atualmente [sem data] moram na comunidade 60 famílias (286 pessoas), a maioria evangélica. A maioria deles vive do turismo sazonal – verão e feriados prolongados, e da pesca artesanal, em menor escala.” (texto retirado do site guia de praias)
Como chegar
Existem basicamente três formas de chegar na Praia do Sono:
- A pé, por trilha, a partir da Vila do Oratório (junto ao Condomínio de Laranjeiras). A trilha inicia ao lado do ponto final do ônibus e há uma placa grande indicando a entrada. O caminho é todo bem marcado e não há como se perder. Até a Praia do Sono dá mais ou menos 1 h de caminhada. Os 15 primeiros minutos são uma subida, por uma espécie de escada feita na terra, depois é plano ou descida (em vários momentos com “escada”). A trilha é bonita e fácil, mas preste atenção ao chão porque se estiver molhado o piso, que é bem argiloso, pode ficar escorregadio em algumas partes.
- De barco, a partir do pier do Condomínio de Laranjeiras. Um pouco antes do ponto final do ônibus há uma parada (grande), próxima à entrada do Condomínio Laranjeiras. Se você chegar de ônibus peça para o cobrador avisar quando for a parada do Condomínio (é onde a maior parte das pessoa desce do ônibus). É nessa parada que você deve ficar aguardando a Kombi que transporta gratuitamente até o pier de onde saem os barcos (que fica dentro do condomínio). A Kombi pega o pessoal na parada atravessa todos luxuoso condomínio e chega no pier. A única forma de chegar no pier é com essa Kombi, e ela fica passando o tempo inteiro, vai e volta, no máximo você deve esperar uns 20 minutinhos na parada. Quando estivemos lá (em jan/2016) o valor do barco para chegar à Praia do Sono era R$30 por pessoa e o trajeto demora de 5 a 10 minutos.
Para quem vem de ônibus: Na rodoviária de Paraty pegue o ônibus 1040, que leva para a Vila do Oratório (e Condomínio de Laranjeiras) e, se for pegar o barco desça na parada da entrada do Condomínio, se for fazer a trilha desça no ponto final.
Para quem está de carro: Há estacionamentos na Vila do Oratório, inclusive alguns bem perto do início da trilha.
3. Caminhos Alternativos: Você também pode chegar à Praia do Sono por trilha, vindo do norte/leste, a partir e Pouso da Cajaíba, Martins de Sá, Ponta Negra, etc, mas daí são trilhas mais longas de vários dias, dependendo de onde você iniciar. Veja mais sobre isso no Relato da Travessia Mamanguá x Joatinga no Blog A Montanhista.
O que fazer
Banho de Mar
Essa é a coisa mais óbvia a se fazer nesse e em qualquer outra praia! Mas não dá para deixar de citar! As águas são transparentes e quentes! Uma delícia total.
Para a galera do surf, dá para levar a prancha por que rola várias ondas por lá, especialmente no canto da direita da praia (olhando para o mar). Ao que parece todos garotos que moram por lá surfam no início ou final do dia.
Banho de Rio
No canto esquerdo da praia (olhando para o mar) há um pequeno e lindo rio que deságua no mar. Às vezes ele está muito baixo, mas outros momentos a maré sobe e ele vira um local delicioso para um banho de rio. Tem umas partes mais fundas e outras mais rasas. É um bom local para para relaxar e curtir umas águas mais calmas. Bom para crianças também.
Poço do Jacaré
É uma trilha bem fácil, de cerca de 1,1 km. Tem uma placa com a indicação do início dela ao lado da igreja. A trilha vai pelo “interior” da comunidade entrando na mata para trás da Praia do Sono, algumas vezes passando perto do rio (Córrego Jamanta). Ela termina no Poço do Jacaré, um local bem gostoso para tomar um banho.
A trilha é fácil e é possível fazer de chinelo, no entanto preste muito atenção ao chão, pois essa região tem cobras e quando estávamos voltando da trilha, encontramos uma cobra preta tomando banho de sol ao lado do riozinho. Ela tinha mais de 1 metro de comprimento e acreditamos que era uma caninana (apesar de ser bem preta e apenas com a cara amarela). É mais seguro fazer essa (e qualquer outra) trilha de tênis.
Praia de Antigos
Antigos é a praia que fica ao “lado” do Sono, para chegar lá basta cruzar o morro que fica à esquerda da praia (olhando para o mar). A trilha começa logo após o Rio, há placas indicando o caminho, mas não tem como errar, mesmo à distância, da praia é possível ver a trilha cruzando o morro. A trilha é bem simples: sobe, sobe, sobe e depois desce, desce, desce e…. chegou na praia! A subida é bem íngreme e é bem aconselhado fazer de tênis (especialmente se o piso estiver molhado, ou mesmo úmido). Outra dica é fazer a subida de manhã, antes das 10 h quando o sol ainda não está castigando quem sobe, porque a subida é forte e sem árvores.
A Praia de Antigos é linda e sem estrutura! É aquele marzão maravilhoso cercado de morros e água transparente. De manhã as amendoeiras e árvores atrás da orla fazem algumas sombras ótimas para estender a canga. Dá para curtir muito o mar com as ondas (nem fortes, nem fracas demais), mas a dica é que no cantinho esquerdo da praia se forma tipo uma piscina natural, sem ondas, maravilhosa.
A praia é linda e dá para passar um dia inteiro lá curtindo, mas fica o alerta de que não tem NADA de infraestrutura na praia: zero bar, zero construção, zero ambulante. Por isso leve tudo que você for precisar, de água a comida e o que mais quiser. E na volta traga tudo com você pois lá não tem lixeiras e nem tem quem recolha o lixo alheio!
Vale lembrar que essa praia é uma área de preservação e não é permitido acampar nela.
Praia de Antiguinhos
Seguindo, depois da Praia de Antigos, no final da praia tem uma trilhazinha, super rápida e fácil que leva para a praia ao lado, que é Antiguinhos, uma praia de beleza semelhante, mas bem menorzinha. Dependendo da época do ano a praia pode ficar isolada, só para você. Por ser menor ela é ainda mais charmosinha. Dá para curtir demais o local!
Vale lembrar que essa praia também é uma área de preservação, sem nenhuma estrutura e não é permitido acampar nela.
Cachoeira das Galhetas
A partir de Antiguinhos se você continuar na trilha, depois de cerca de 1,3 km você chegará na Cachoeira das Galhetas, mas ficamos curtindo demais as praias e acabamos não tendo tempo de ir conhecer, então nem temos fotos. Mas fica a #dica!
Ponta Negra
Depois de Antiguinhos você também pode chegar até a Ponta Negra, mais uma bela praia com estrutura básica e alguns campings. Esse local normalmente é um ponto de pernoite para quem faz a Travessia da Joatinga.
Leia mais sobre isso no Blog Expedição Andando por Aí, que fez essa trilha no primeiro dia da travessia da Joatinga.
Cachoeira do Saco Bravo
A partir de Ponta Negra é possível fazer uma trilha para uma Cachoeira bastante inusitada que cai em um rochedo na beira do mar: é a Cachoeira do Saco Bravo. Como é mais distante, para chegar lá é preciso fazer o pernoite em Ponta Negra. Leia sobre isso no Relato da Ida até a Cachoeira do Saco Bravo no Blog Trekking Brasil e também no Blog Expedição Andando por Aí, que fez a Travessia da Joatinga e também foi até a Cachoeira do pelo Saco Bravo
O que levar
Barraca: Bom, se você pretende acampar, vai precisar de uma barraca, obviamente!
Canga: Item super fundamental para se ter sempre, para deitar na praia, para sentar no chão, para secar os pés, ou tirar a areia e muito útil especialmente se você pretende deitar na praia de noite para contar as estrelas! #dica
“Tipo tapetinho”: Me refiro a algo que você possa colocar na frente da barraca, tipo um tapetinho, por que lá tudo é areia e certamente sua barraca vai ficar cheia de areia, mas na hora que estiver entrando na barraca é sempre bom ter um lugar que não seja a própria areia, para apoiar os pés e limpar um pouco antes de entrar na barraca. Nós levamos um saco plástico (desses de lixo) e colocamos ali na frente. Quebrou o galho super bem, mas eventualmente uma canga também pode cumprir bem essa função.
Repelente: Quando estivemos na Praia do Sono contamos com o azar de chegar lá após um período de muita chuva, o que fez com que houvesse uma disseminação absurda de borrachudos e isso incomodou muito (mesmo). Todos dias no início do dia e ao entardecer (e de noite) eles faziam a festa nos nossos pés e tornozelos. Em tempos de borrachudos é impossível sobreviver lá sem um repelente, sério mesmo! Eles atacam demais! Mas a boa notícia é que caso você esqueça, sempre tem um repelente a venda nos mercadinhos. Eles normalmente repeitam os repelentes normais. Mosquito mesmo, vimos muito pouco o problema foi os borrachudos mesmo.
Protetor solar: Você está indo para a praia é obvio que deve levar protetor solar!
Lanterna: Hoje em dia a praia já conta com energia elétrica, no entanto não tem iluminação pública e os campings também não tem iluminação. Sendo assim, quando chega a noite, fora dos restaurantes e das casas, simplesmente fica escuro! Leve uma lanterna pelo menos para poder caminhar de noite pela “vila”. No nosso caso cada um de nós tinha uma lanterna de cabeça e ainda tínhamos aquela Lâmpada Tent Megalite, da Guepardo que deixávamos sempre ou ali do lado de fora da barraca, ou dentro dela (muitas vezes ela acabou se tornando muito mais prática que as lanternas).
Papel Higiênico: Os campings são super simples e podem não disponibilizar papel higiênico. Por segurança leve o seu, mas se esquecer, lá, nos mercadinhos você encontra para comprar.
Estrutura
Na Praia basicamente você vai encontrar alguns campings, restaurantes e mercearias. As mercearias são simples, normalmente junto dos restaurantes, elas vendem artigos básicos como alimentos (mas pouca variedade) e itens básicos de higiene. Os preços são sempre um pouco acima do valor normal de mercado. Dá para usar mais como um quebra galho.
Quando estivemos lá havia um restaurante a quilo (self service) e um restaurante vegano, além dos demais restaurantes que servem pratos simples, nada refinado e tudo muito gostoso. Boa parte do cardápio é sempre com frutos do mar.
Para quem não quer acampar (sério???), há algumas casas e chalés (simples) para alugar e quando estivemos lá tinha uma pousada.
A comunidade ainda conta com uma igreja evangélica e uma escola, basicamente é isso de infra-estrutura.
Preços
Veja abaixo a média de alguns preços (aproximados) de quando estivemos lá em janeiro de 2016.
Preço médio do PF: R$ 25,00 a 30,00
Preço do Kg no restaurante a Kilo: R$ 4,80
Preço de um Refrigerante: R$ 5,00
Preço de uma garrafa de água (500 ml): R$4,00
Preço de um Suco natural: R$ 8,00
Preço do Açaí: R$ 10,00 (300 ml) e R$15 (500 ml)
Mapa interativo
Sobre os campings
Um dos baratos de ir para a Praia do Sono, sem dúvida é para acampar por lá. A praia possui diversos campings, acredito que cerca de 15 mais ou menos. A maior parte deles fica na orla e você acampa de frente para o mar, mas tem também alguns mais escondidos, para dentro da comunidade. Acampar por lá é super bacana, tudo a ver com a vibe do local
Estrutura
Todos os campings da praia são simples e rústicos a maioria é apenas uma área pequena, com um banheiro disponível para os campistas. Alguns (poucos) tem área de cozinha disponível. A maioria é com chão de areia mesmo, mas se você prefere acampar na grama existem alguns que possuem uma área gramada, especialmente os que ficam mais afastados da praia.
Dentre os diversos campings que vimos por lá, destacamos alguns:
Camping do Izac: É onde ficamos hospedados. É um camping super simples, basicamente é uma área de areia com um banheiro ao fundo. São 3 banheiros e 2 chuveiros (um quente e um frio). Do lado de fora tem uma pia e um tanque. Ele não possui cozinha completa, mas tem uma mesa com bancos, que fica livre para o pessoal usar para comer ou cozinhar, com seus próprios equipamentos. Uma das vantagens do camping é que você acampa de frente para o mar e além disso o seu Izac construiu uma estrutura de bambus com umas lonas fixas, que protegem a barraca em dias de chuva.
Achamos o ambiente dele muito agradável e o Seu Izac é super atencioso e cuidadoso com o local.
>> Não temos o telefone do contato do Izac.
Ao lado do camping fica um barzinho que vende Açaí, que é dos filhos do seu Izac. O Açaí é maravilhoso, vale muito provar. Com certeza está entre os melhores açaís que já comi na vida!
Camping Amora: (24) 9-9237-9503 – Saiba mais.
Além disso tem o Camping São Jorge, da Ismênia, do Argeu, do Jorge, Pau a Pique, Caiçara entre muitos outros, todos com estrutura simples e semelhante.
Camping do Claudinho: Fica ao lado do Camping do Izac (do outro lado do Açaí) e também tem chão de areia e lonas de proteção para as barracas. Além de banheiro esse camping tinha uma pequena cozinha. Consideramos esse também uma boa opção.
Não temos o telefone do contato do Camping do Claudinho.
Marimbar: Possivelmente o camping com a melhor estrutura da praia. Tem bar, banheiros e cozinha comunitária. A área para acampar fica de frente para a praia e tem uma parte com grama (coisa rara!). Veja mais sobre o Camping Marimba
Camping Lá em Casa: É o último camping da praia é para quem quer acampar com a cara para o mar. Chão de areia apenas. Não tem estrutura com lonas fixas, mas você pode armar sua lona sobre a barraca. Quando estivemos lá acho que era o camping mais cheio, tinha várias barracas! O banheiro e todo espaço pareceu bem agradável.
>> Não temos o telefone do contato do Camping lá em Casa.
Preços
Quando estivemos acampados por lá, no Camping do Izac pagamos R$20 por dia, por pessoa.
Mas considere que os preços podem variar de R$15 a R$30 dependendo da época do ano e da estrutura do camping.
Fique atento!
Acampar na areia tem sempre seus inconvenientes, por isso fique muito atento para o local que for colocar a barraca.
Na areia costuma ter muitos formigueiros, normalmente de formiguinhas que não incomodam, até você colocar a barraca em cima da entrada do formigueiro.
Outro bichinho que está presente na areia são as vespas que não gostam de ser incomodadas. Se possível evite colocar a barraca sobre a toca delas, ou mesmo muito perto da entrada para elas não se sentirem ameaçadas. A picada de uma vespa pode ser bem dolorosa e certamente você não vai querer experimentar nesse acampamento.
Aqui PRESERVAÇÃO é a palavra de ordem!
A Praia do Sono fica inserida em uma Reserva Ecológica e nos últimos anos já vem passando por um progresso que é questionável. Para que esse paraíso continue assim, um ambiente de paz, beleza, harmonia e segurança é preciso que todos cuidem do local, por isso:
Respeite os animais: os siris, as vespas, os camarões, as formigas, as cobras, todos os passarinhos, etc. Antes de nós, a praia é o ambiente deles!
Zero lixo: Não deixe nada além de suas pegadas… Se você for fazer qualquer trilha traga seu lixo de volta. Isso não é uma cidade, não há garis para limpar sua sujeira. É indignante ver garrafas plásticas ou qualquer tipo de embalagem nas trilhas.
Acampe nos Campings: Por ser uma área de proteção, não é permitido acampar fora dos campings. Nem na Praia do Sono, nem nas praias vizinhas. Se você acha que os campings são caros, é hora de você repensar seus conceitos. Nessa comunidade, que recebe e acolhe a todos com carinho, muitas pessoas dependem desse valor das diárias dos campings para sobreviver. Pagar essa pequena quantia é uma forma de colaborar com a comunidade local. Se você está buscando um local para acampar selvagem, busque um local que permita isso.
Na boa… Para a Praia do Sono, ou você vai para lá com um pensamento sustentável, para usufruir das belezas do local, sem causar qualquer dano, ou é melhor você nem ir!
Bom, esperamos que tenham curtido esse compilado de informações, fotos e mapa que fizemos!
Se você tiver outras dicas aproveite os comentários abaixo para complementar as informações.
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