Local da história: Extrema / MG
Data da história: maio de 2000
Enviada por: Alexandra Novais
Era feriado, 1 de maio, dia do trabalhador. Queria sair de São Paulo, pegar estrada e espairecer. Não tinha decidido pra onde ir, só queria ir. Chamei uma amiga que assim como eu é aventureira e fomos rumo à uma das viagens mais legais que já fiz na vida.
Na época tinha 20 e poucos anos. Não tinha experiência nenhuma em pegar estrada, mas a vontade e o apetite da aventura não me faltava.
Como não sabia pra onde ir, não tinha a mínima idéia também de qual estrada pegar. Peguei a marginal Tietê que dá acesso à várias estradas de São Paulo e entramos na rodovia Fernão Dias. Foi engraçado porque só apareciam placas de Belo Horizonte, Belo Horizonte , não sabiamos pra onde ir , mas tinhamos certeza que não seria para Belo Horizonte, até pq , com a pouca grana que tinhamos não chegariamos até lá, ou se chegassemos não voltariamos mais..rs.
Chegamos à primeira cidade de Minas Gerais e a última de São Paulo: Extrema.. Demos umas voltas, gostamos e decidimos ficar. Só que tinha um problema, como era feriado, as pousadas estavam todas lotadas. Quase desistimos,até que na última pousada que entramos tinha um quarto vago, porém o quarto era coletivo. Como estavamos muito cansadas e o dia já tinha ido embora, não tivemos outra alternativa. Dormimos nós duas e mais um homem no mesmo quarto.Imaginem a situação, foi nossa primeira viagem sozinhas e tivemos que dormir com um desconhecido no quarto.
No outro dia acordamos dispostas a procurar outra pousada em alguma outra cidade perto, porque não queriamos dormir num quarto coletivo novamente. Mas antes queriamos conhecer algum lugar bacana daquela cidade. Pegamos o carro e começamos a dirigir até as montanhas. Na estrada pedimos informação pra um rapaz mal encarado porém muito simpático que estava na boléia de um caminhão. Sorte a nossa porque pedimos informação justamente à um guia. Ele nos deu várias dicas e informações, disse que estava voltando à cidade para encontrar com alguns amigos e buscar as barracas para ACAMPAR e nos convidaram para acompanharmos. Eu e minha amiga ficamos extremamente atentadas a aceitar o convite até porque não queriamos dividir o quarto mais uma noite com um estranho, mas se aceitassemos, iriamos dividir a mata com 6 estranhos também mas com a única e maravilhosa diferença que seria ACAMPAR…Topamos.
Voltamos para a cidade, conhecemos nossos novos parceiros de aventura, compramos umas besteirinhas para satisfazer a nossa fome na calada da noite e saimos em rumo a essa aventura que mesmo depois de ter passado 12 anos, me lembro como se fosse hoje.
Já tinha anoitecido quando já estavamos no meio da trilha. Estavamos sem lanterna e não enxergavamos nada, mas eles iam nos guiando, nos alertando quando tinha alguma pedra, poça d’agua e etc.. Foram uns verdadeiros cavalheiros, só faltaram levar-nos no colo ou tirar a camisa para passarmos por cima da lama, como nos desenhos..rs..
Ficamos muito assustadas. Nossa primeira viagem, nosso primeiro camping. Tudo era novo. Estavamos achando tudo aquilo uma loucura , porém estavamos felizes e radiantes com a nova situação.
Depois de 2 horas enfim chegamos ao lugar que nos abrigaríamos naquela noite fria.
Nossos novos amigos fizeram uma fogueira, prepararam o jantar (miojo) e ficaram contando causos da cidade e histórias de terror, foi uma noite de muitas risadas. Mas o tempo foi passando o dia amanheceu e tivemos que acordar para a realidade. Fizemos a trilha de volta para encarar naquele dia mesmo a estrada que nos levariamos de volta para casa.
Tivemos contato com eles por muito tempo e voltamos à cidade várias vezes depois…
Sim, foi uma loucura, mas são dessas loucuras que acho que todos precisam viver pelo menos uma vez na vida e é especialmente essa história e várias outras que virão que eu levo e levarei para sempre na bagagem da minha vida e do coração. 🙂