Local da história: Litoral Norte do RS

Data da história: outubro de 1999

Enviada por:  Arci Fetter Junior (Pihui)

De uma simples caminhada “até ali” pela beira da praia a um trekking de três dias tem lá suas diferenças sim. Pois é assim que começa este relato.

“A gente pode ir durante Feriado de Finados. Em três dias a gente faz tudo.” Com essa frase apenas, convenci 5 amigos a caminharmos durante 3 dias os em torno de 120km entre Pinhal eTorres.

Era 1999, usei um Atlas, um Guia 4 Rodas e um mapa do Rio Grande do Sul. Media as distâncias e elaborei o cronograma desde a saída de Novo Hamburgo, levados pelos pais até Pinhal, como as paradas de pernoite em Mariluz e Arroio Teixeira, estas escolhidas a dedo por existirem casas de parentes. Eu, o único maior de 18 anos organizei até o cardápio e o que cada um levaria na mochila. Assim eu, Cé, Doda, Giscar, Jordan e Ângelo partimos pra empreitada.

O objetivo era chegar em Torres na terça-feira 02/11/99 e voltar de ônibus, então partimos na manhã de Sábado de Pinhal. No início tudo foi tranquilo, caminhamos, rimos das pessoas que nos olhavam com cara de espanto, afinal era 6 caras com mochilas cheias de bermuda, camiseta e tênis pela beira da praia. Certo ponto chamávamos mais atenção que o desfile de pranchas que passeiam pelo litoral. Tudo tranquilo até a pausa pro almoço na plataforma de Tramandaí. A minha ideia de improvisar uma espiriteira com pastilhas de álcool gel não contava com o vento. Depois de muito tempo tentando em vão, fomos a procura da casa de umas tias do Cé, onde cozinhamos nosso miojo e seguimos a caminhada até Mariluz.

Lá a 1ª noite seria tranquila, pois estaríamos sendo esperados por um suculento Galeto assado pela família do Giscar. Bem alimentados e bem dormidos acordamos cedo no domingo pra 2ª etapa que era ir até Arroio Teixeira. Ventava muito e chovia fino na beira da praia, o que dificultava em partes a caminhada na areia devido ao peso das mochilas. Enquanto eu, Cé e Jordan seguimos pela areia, em Atlântida Sul Giscar, Doda e Ângelo resolvem aproveitar o trecho da estrada que passa logo após os quiosques. Com os dois grupos um pouco afastados entre si, percebemos em um momento um carro arrancando e apenas o Doda e o Giscar caminhando em nossa direção. Como Ângelo morava em Capão da Canoa, imaginamos que a sua premeditada desistência tinha se confirmado com uma carona. Mas logo chegam os dois ofegantes e brancos com a notícia: o cara foi atropelado!

Sim, isso mesmo. Andando no meio da rua e com o barulho do mar e do vento, ele não viu o carro que vinha atrás e não me pergunte por que ele se virou para trás exatamente na hora em que este passava rente ao seu lado sendo atingido na perna. Bom, ele foi levado ao Hospital pelo motorista, apenas com escoriações. Doda e Giscar depois de presenciarem a cena resolveram voltar a Mariluz. Eu, Cé e Jordan decidimos que iríamos até o fim, mais ainda depois do fato.

Chegamos em Arroio Teixeira já escurecendo, e como na época celular era um luxo alheio a nossa aventura, tivemos que catar um telefone público funcionando pra sabermos onde era a nossa 2ª parada. Lá Ângelo com o joelho enfaixado, Doda e Giscar nos esperavam. Essa noite eu confesso que recordo pouco, pois queria um banho, dormir e sair cedo, pra chegar logo a Torres. Era a menor parte do trajeto mas uma das mais interessantes. Na época, a região era mais deserta que nos dias de hoje, então aos 1ºs sinais deTorres nossas ansiedade aumentava. Houve neste dia longos períodos onde caminhamos bem distantes entre si, hora por cansaço hora contemplando a paisagem.

Chegar aquela tarde em Torres foi… não sei explicar. Lembro que abracei o 1º paredão da Praia da Guarita, nem dando bola pras pessoas que ali não entendiam o que nós 3 havíamos feito.

Depois foi hora de agradecer aos meus amigos pela aventura, e ir em busca da Rodoviária, entrar no Unesul e retornar pra casa.

Uma coisa, que até hoje nunca ficou clara, foi no dia seguinte, 02/11/99 no Jornal NH uma pequena nota dizia: “Jovens hamburguenses fazem caminhada rumo a Torres.” Em poucas linhas descrevia nossa modesta aventura.

Equipe FuiAcampar

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