Esta história  foi uma das finalistas do Concurso Cultural Campista Escritor.

Ela encerrou o período de votalão popular com 84 votos.

 


Local da história:Praia de Boracéia, Cidade de São Sebastião, São Paulo

Data da história: 1983

Enviada por:  Leonice Ventorini de Morais

Esta história aconteceu há muito tempo, em tempos sem internet, sem celular e que acampar no litoral norte paulista era para quem procurava muita aventura. Vamos nos remeter ao ano de 1983 quando este fato ocorreu.

Meu irmão mais velho foi se aventurar com meus primos para acampar, com mochila nas costas e sem infraestrutura alguma. Voltou contando feliz sobre as maravilhas de um acampamento. No verão do ano seguinte, meus pais resolveram acampar também, com os seis filhos levando todos em seu caminhão, além do namorado de minha irmã e a minha amiga.

Nossa barraca era uma lona puxada ao lado da carroceria. Tínhamos que levar tudo, água, fogão, lampião, panelas, etc., pois nesta época não havia comércio algum na região, os alimentos tinham que ser enlatados, pois nem gelo havia.

Figura 1. Nosso primeiro acampamento em 1983


A praia escolhida era Boracéia, litoral norte de São Paulo. De um lado mar calmo de águas quentes e de outro fortes rebentações sobre as imensas pedras.

Por incrível que pareça, havia muita gente que acampava ali. Nossos primos e amigos marcavam presença todos os anos neste lugar, praia que era praticamente deserta nesta época.

Figura 2. Minha mãe, meu cunhado, eu (de boné) e meus cinco irmãos 


Era muita diversão, pescávamos, brincávamos, nadávamos, fazíamos um pouco de tudo, inclusive jogávamos futebol americano e a bola era feita ali mesmo com as meias de uns e de outros.

Figura 3. Meu pai  pescando nas pedras em Boraceia

Em um determinado dia, algo inusitado aconteceu. Após jantarmos uma deliciosa feijoada enlatada, fomos jogar e convidamos outros campistas. Estávamos jogando e era bola para cá, bola pra lá, jogadores caídos no chão, gente sendo puxada, empurrada, risos e até mesmo caneladas. Em uma das jogadas, de repente a bola caiu dentro da barraca e cadê a bola? Procuramos, procuramos e nada, o jogo então, acabou.

Já era noite e resolvemos acender a fogueira, fazer o luau. A caipirinha não faltava e passava de barraca em barraca e cantávamos Madalena (era o hino da época), Rosinha, Trem das  Onze etc., uma mistura de samba, MPB, sertanejo, sei lá. Tudo regido ao som do violão de meu primo. Altas horas da noite, vencidos pelo sono, fomos dormir.

No meio da madrugada, meu futuro cunhado, que tinha mania de levantar à noite, sentiu fome e, no escuro, pegou o caldeirão da feijoada e comeu o que restava ali.

Pela manhã, minha mãe acordou cedo para preparar o café e alegremente chamou a todos comunicando que havia achado a bola. Todos surpresos perguntaram onde estava, uma vez que procuramos em todos os lugares da barraca, e ela respondeu que estava dentro do caldeirão da feijoada e ainda disse que bom que não havia mais nada ali.

Meu cunhado surpreso questionou: “Como assim? Eu comi esta feijoada na madrugada com bola e tudo?”.

Todos tiraram sarro dele e riram muito, porque ele não viu a bola, não sentiu a areia e mandou ver comendo tudo escondido.

Sempre lembramos esta e muitas outras histórias engraçadas que ocorreram em nossa vida de campistas, ainda hoje acampamos, porém com muito mais conforto.

Figura 4. Eu observando o nascer do sol em Guaraú SP 2013

Acampar faz parte de nossa vida, sentir a natureza e viver intensamente cada aventura. Levamos conosco nosso lema que é “Faça valer a pena’”.


Confira as outras histórias finalistas do Concurso Cultural Campista Escritor

– Trekking na Ferrovia do Trigo, por Maurício Ariza

– Rumbo General Sur, por Thiago Fernandes de Oliveira



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