A Praia das Cabras abriga o último vestígio do cenário de dunas móveis e lagoas cristalinas que havia no litoral norte do Rio Grande do Sul. A belíssima paisagem convida aventureiros a explorarem a região e descobrirem seus encantos.
Quem conhece o litoral gaúcho sabe que suas praias não têm nada de especial (exceto Torres). Elas não passam de um imenso “retão” de areia, mar forte e, muitas vezes, com a cor amarronzada – o mar é simpaticamente chamado de chocolatão pelos gaúchos. Cenário pouco atrativo, se comparado às lindas praias do resto do Brasil. No entanto, não é verdade que o litoral gaúcho não possui atrativos… Ele possui sim! A questão é que seus encantos (que ainda não foram loteados) não estão na praia e sim “atrás delas”, nos campos de dunas e dezenas de lagoas da planície costeira.
Isso é o que acontece na Praia das Cabras, situada na divisa entre os balneários de Cidreira e Tramandaí. Nesse trecho, a praia não tem nada de especial, e qualquer pessoa desavisada não imagina o belo cenário que se esconde atrás das dunas.
Entenda o local
São cerca de 40 hectares de dunas móveis, banhados, lagoas de águas límpidas, tudo isso limitado por Cidreira ao sul, Tramandaí ao norte, Oceano Atlântico ao leste e, ao oeste, as três lagoas: do Gentil, do Manuel Nunes e da Fortaleza. Todo esse conjunto forma uma paisagem de beleza única no litoral norte do Rio Grande do Sul – algo que, nas devidas proporções, lembra um pouco o cenário dos Lençóis Maranhenses. Além da beleza cênica, o local é habitat de diversas espécies de aves, anfíbios, répteis, crustáceos, etc.
Atualmente, grande área dessa região abriga o Parque Eólico de Tramandaí, de modo que parte dessas dunas já não pode mais ser percorrida.
Tal natureza, assim intocada, chama a atenção de muitas pessoas, entre eles jipeiros e motociclistas, que muitas vezes, em busca de sua diversão, são os que mais destroem a beleza do local. Mas além desses, muitos aventureiros e trekkers também tem procurado a região para explorar sustentavelmente suas belezas em caminhadas que podem levar várias horas de duração.
Dicas práticas
Para fazer trekking
Para quem ficou interessado em percorrer esses caminhos a pé, uma dica é fazer uma caminhada iniciando ao sul de Tramandaí, com destino a Cidreira. Um local bom para caminhar é por trás do Parque Eólico, próximo das belas lagoas que limitam a região. Há uma antiga estrada no “início” da trilha, mas à medida que se vai caminhando, a estrada vai desaparecendo, até que só restam dunas. Outra caminhada possível é iniciando em Tramandaí e fazendo o contorno no Parque Eólico, terminando na praia.
Entre Tramandaí e Cidreira, são cerca de 13 km de caminhada. Independentemente do caminho que for fazer, preferencialmente leve alguém que conhece a região. Outra dica: vá preparado para se molhar, pois, dependendo das chuvas, pode não ser possível atravessar algumas áreas sem entrar na água. Obrigatoriamente leve água! Lanche, protetor solar e chapéu também são uma boa pedida, já que durante a caminhada não há como se proteger do sol.
Para acampar
Há locais onde é possível acampar, especialmente na parte junto às lagoas. Mas é possível apenas fazer camping selvagem. Conforme descrevemos acima, o local é desabitado, à exceção de uma casinha humilde (atrás do parque eólico), e não há qualquer infraestrutura. O terreno é todo de areia. Para obter alguma sombra, é preciso acampar mais ao norte, próximo à Lagoa do Gentil, atrás da porção mais ao sul de Tramandaí.
Há uma evidente necessidade de preservar o local e existem mobilizações para transformar a região em uma Unidade de Conservação. Vamos torcer para que isso aconteça em breve, de modo que a degradação seja freada o quanto antes, mas que, aos aventureiros sustentáveis, não seja impedido o acesso para desfrutar desse pequeno paraíso inusitado, no litoral norte do Rio Grande do Sul.
Galeria de Fotos
Confere no mapa a localização desta região: