Alguns lugares são tão mágicos que mesmo uma simples escapada de final de semana já consegue proporcionar experiências inesquecíveis! Daí dá aquela vontade de compartilhar as informações para que mais campistas e aventureiros tenham a felicidade de conhecer o local. Com Ilha Grande foi assim: uma visita deslumbrante de apenas 2 dias que acabou gerando esse artigo.

A visita a Ilha Grande foi realizada em um final de semana de janeiro de 2014, época de altíssima temporada, com muitos turistas por toda parte… Mas mesmo assim tudo valeu a pena! Além das fotos que estão no texto, acesse mais algumas na galeria no final do artigo.


Vila de Abraão, a base para conhecer a ilha

A Vila de Abraão é o principal núcleo urbano na Ilha Grande, onde se encontram os principais serviços como restaurantes, agências, pousadas, mercados, artesanatos, etc. É uma boa opção de base para quem quer explorar a ilha. A partir da vila, se tem acesso às outras praias, por trilhas ou passeios de barco.


Trilhas em Ilha Grande

Para quem curte fazer trilhas, a ilha é uma fonte inesgotável de prazer! Você caminha em meio à natureza, curtindo a mata, a trilha, as paisagens e, de tempos em tempos, você acaba se deparando com uma praia paradisíaca, com água verde, emoldurada por morros e rochas – simplesmente a combinação perfeita entre esforço e recompensa.

Trilha Abraão – Lopes Mendes

Uma das trilhas mais tradicionais de Ilha Grande é aquela que leva da Vila de Abraão até a Praia de Lopes Mendes. É uma trilha de dificuldade moderada, com algumas subidas e descidas, e muitas praias deliciosas no meio do caminho. A trilha completa demora cerca de 2h a 3h, mas é impossível querer fazer a trilha sem parar para descansar, tomar banho de mar e curtir cada uma das praias no caminho.

Logo que sair de Abraão, após uma trecho leve e curto, a primeira praia que você vai encontrar é Abraãozinho, uma praia pequena, de águas verdes e tranquilas. Seguindo pela trilha, é no trecho que leva de Abraãozinho até Palmas que a coisa fica mais complicada. Nessa parte, a trilha é uma subida íngreme que chega a uma altitude de 212 m, mas, para a sorte dos aventureiros, boa parte dela é em meio à mata, na sombra. Esse trecho, que é o mais pesado, dura cerca de 1h e termina nas areias claras e grossas da Praia de Palmas. A praia é linda, com águas verdes, transparentes, rodeada de morros – pedida certa para um bom banho de mar. Por estar mais distante de Abraão, com acesso por uma trilha mais pesada e menos conhecida, é um bom refúgio para quem procura tranquilidade. A praia conta com alguns campings e quase nada de infraestrutura.

Seguindo pela trilha, cerca de 30 minutos depois, estão Mangue e Pouso, duas praias que ficam uma ao lado da outra, em mais uma enseada de mar verde e tranquilo. É em Pouso que fica o trapiche onde atracam os barcos e escunas cheios de turistas, cujo objetivo final é a espaçosa praia de Lopes Mendes. Como o mar de Lopes Mendes é agitado e não há trapiche, todos que querem chegar lá precisam percorrer a pé esse caminho, que dura cerca de 20 minutos, fazendo do trecho Pouso-Lopes Mendes o mais movimentado de toda a trilha.

Chegando a Lopes Mendes, é fácil constatar que é uma das mais lindas e maiores praias da ilha, com quase 4 km de comprimento de areia clara e fina, e um mar de águas cristalinas, com variações de cor que passam por todos os tons que existem entre o azul e o verde. Apesar de ser uma das mais conhecidas e mais frequentadas, ela é praticamente deserta e sem infraestrutura, à exceção de alguns ambulantes que costumam vender bebidas e salgadinhos. Há apenas uma comunidade no canto oposto ao que os turistas costumam ficar. É uma praia perfeita para quem curte um mar com ondas ou para quem apenas quer ficar deitado na sombra das amendoeiras que contornam a orla.

Para voltar para Abraão, é possível percorrer todo esse mesmo caminho de volta a pé, ou pegar um barco em Pouso. Para ver mais fotos acesse a galeria no final do artigo.

Trilha para Praia (e cachoeira) da Feiticeira

A trilha que leva até a Praia da Feiticeira começa no canto oposto da Praia do Abraão, olhando para o mar, na ponta da esquerda. A parte inicial da trilha, logo após passar o pórtico de entrada do Parque, é larga e cercada de eucaliptos, que fazem uma sombra muito agradável. Diferentemente da trilha para Lopes Mendes, que vai passando por várias praias, essa passa por menos praias, mas para compensar ela percorre outros interessantes atrativos.

O primeiro deles é a Praia Preta, com areias negras que caracterizam o local. Ela fica ao lado de uma enorme e interessante rocha que parece ter sido cortada ao meio. Logo em seguida, ficam as Ruínas do Lazareto, um antigo hospital da ilha que era parada obrigatória para os navios que atravessavam o Atlântico. Ali eram deixadas todas as pessoas que apresentassem algum sintoma de qualquer doença. Depois de desativado, o hospital ainda foi transformado em uma cadeia, e hoje o que restou foram só algumas ruínas em mau estado de conservação, mas ainda assim muito interessantes. Após as ruínas, vale a pena seguir rumo ao antigo Aqueduto que abastecia o Lazareto no final do século 19. A construção é imponente e interessante. Ao seu lado fica o Poção, uma piscina natural que é ótima opção para um banho refrescante no meio do caminho.

Passados esses interessantes atrativos, só resta caminhar e caminhar e caminhar morro acima! A subida é longa e íngreme! Quando você já está exausto de tanto subir, tem um estimulante recado informando que você finalmente chegou… na metade do caminho (para a cachoeira). Mas, no nosso caso, o destino não era a Cachoeira da Feiticeira, e sim a Praia da Feiticeira. Seguindo pela trilha, em um certo momento, há uma bifurcação: quem quer ir para a cachoeira deve pegar a esquerda e subir mais uns 20 minutos; quem deseja ir para a praia deve seguir pela direita descendo pela trilha rumo ao mar! A partir desse ponto, a trilha fica uma barbada para quem vai para a Praia da Feiticeira – é só descer e no final da trilha encontrar uma prainha de areia branca, mar verde, cercada de pedras e morros, a visão do paraíso. À exceção de algum ambulante que esteja na praia vendendo bebidas e salgadinhos, não há nenhuma infraestrutura na praia.

Apesar de pequena, a praia costuma ser ponto de parada de algumas escunas que desembarcam para levar os turistas para conhecer a Cachoeira da Feiticeira, que eventualmente fica meio lotada. Justamente por isso preferimos ficar apenas curtindo a praia e seu mar verde e tranqüilo (mas havendo tempo dá para curtir um pouco de cada). Durante a alta temporada, é possível negociar a volta com os barco-táxis que ficam por ali.  Para ver mais fotos acesse a galeria no final do artigo.

Volta a Ilha Grande

Para aventureiros com bastante disposição e tempo disponível, uma das aventuras mais clássicas do Rio de Janeiro é fazer a volta na ilha. Mas, para isso, o ideal são de 4 a 7 dias. Nós, do FuiAcampar, ainda não tivemos a oportunidade de viver essa experiência, mas ela já está nos planos!


Hospedagem

Há diversos campings na ilha, em várias praias. Na Vila do Abraão, existem pelo menos 5 campings, que são uma boa opção para quem quer aproveitar a estrutura que a vila oferece. Nessa viagem, fomos recebidos no Camping Cantinho da Illha, que está localizado bem no centrinho, na rua atrás da igreja. O camping é um terreno não muito grande, mas bastante organizado. O local conta com uma grande cozinha comunitária e ótimos banheiros!

Veja também outras opções de campings na ilha.

Quem não quiser ficar em camping encontra na ilha uma infinidade de pousadas de todos os tipos, das mais charmosas às mais simples.


Acesso e transporte

Para ir a Ilha Grande, você vai precisar deixar seu carro em casa, ou em uma das cidade que dá acesso à ilha, já que lá não há trânsito regular de carros. Os únicos veículos que circulam são da administração do parque, bombeiros, polícia etc.

O acesso a Ilha Grande se dá apenas por barcos. Há muitas formas de chegar a Ilha Grande, saindo de Angra dos Reis, Conceição do Jacareí ou Mangaratiba. Existem barco-táxis, escunas e barcas. A variação no tempo da travessia pode durar de 20min a 2h30min, dependendo do tipo de embarcação e local de partida/destino.

Veja aqui as dicas de acesso para chegar em Ilha Grande.

Como não há carros na ilha, os deslocamentos entre as praias devem ser feitos a pé, por trilhas, ou por barcos.


Informações extras

Jacas – O verão é a época em que as jaqueiras da ilha estão repletas de jacas maduras! Elas estão por toda parte e quem caminha pelas trilhas logo percebe a presença delas pelo cheiro característico que a fruta exala quando cai no chão e começa a se decompor e juntar moscas. Só pelo cheiro, antes mesmo de observar os frutos caídos, você já sabe que está se aproximando de uma jaqueira.

Convenhamos que a chance de uma jaca cair em sua cabeça enquanto estiver caminhando pelas trilhas é mínima. No entanto, se você for parar para descansar, tirar um cochilo, acampar, não custa olhar para cima e ver se não tem uma jaca madura, pronta para cair. Pode parecer brincadeira, mas não é não! Uma jaca chega a pesar até 20kg e pode fazer um estrago feio onde cair.

Macaquinhos e macacões – Caminhando por algumas trilhas, eventualmente é possível encontrar micos e saquis que circulam sem muito medo próximo aos humanos. São animaizinhos lindos para serem observados e fotografados (sem flash), mas não dê alimentos para eles. Além dos simpáticos micos, a ilha também é ambiente de bugios. Se, ao caminhar pelas trilhas em meio à mata, você começar a ouvir barulhos como um ronco forte, são eles. O ronco produzido por eles pode ser ouvido a vários quilômetros de distância. Ou seja, por mais que você esteja ouvindo os barulhos, eles podem estar bem distantes. Continue sua trilha tranquilamente, pois eles costumam ficar na deles, defendendo seu território de outros bandos de bugios e provavelmente não irão perturbar você.

Lixo – Durante a alta temporada, o número de turistas que circula pela ilha é realmente grande e infelizmente nem todos possuem a devida consciência ecológica e cuidado com o meio ambiente. Em algumas trilhas, encontramos lixo jogado pelo chão. Jamais deixe qualquer tipo de resíduos pelas trilhas e descarte o lixo apenas em locais adequados. Por se tratar de uma ilha, todo o lixo produzido precisa ser carregado até o continente.

BancosComo não há bancos ou caixas eletrônicos na ilha, organize-se financeiramente para carregar consigo cartão de crédito e também uma boa quantidade de dinheiro em mãos, já que eventualmente acontece de faltar luz ou as máquinas de cartão não funcionarem.

Galeria de Fotos

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Nesse artigo um agradecimento especial ao pessoal do Trekking Brasil , que nos indicou e nos acompanhou na viagem!


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Luiza Campello

Porto-alegrense, mochileira, campista e formada em turismo. Um dia ela resolveu unir todas suas paixões: natureza, viagens, campismo, biologia, geologia, turismo e se tornou co-fundadora deste site.